domingo, 26 de maio de 2013

Falando em nome de Deus

“O Senhor me revelou que você não precisa de revelação alguma.”[1]

Em mais um de meus momentos de reflexão auto piedosa, buscando dar sentido ao sem sentido e divagando a respeito da minha própria ignorância meditei:

Como pode ter tanta gente falando em nome de Deus? Será que conseguiram algum tipo de “procuração Divina”? Bom, de uma coisa eu sei, falo apenas por mim e em meu nome, pois aí eu não me arrisco em dizer alguma coisa completamente absurda em nome do Senhor. Mas ainda assim, muita gente ainda faz questão de falar em nome dEle. Se Deus fosse cobrar royalties por cada vez que falassem em seu nome, com toda certeza esse seria um negócio muito mais lucrativo do que a indústria dos dízimos que vemos em alguns nichos ditos “evangélicos” (digo isso com a convicção de que Ele não está à frente nem de uma coisa e nem da outra).

Essas pessoas que “falam em nome de Deus” no fundo, no fundo tem a cobiça de falar como autoridade máxima sobre a humanidade, ou pelo menos sobre a comunidade local. Engraçado, pois esse desejo é de um dito cujo, que essas mesmas pessoas maldizem, um tal de Satanás, conhecem?
Quase sempre as mensagens que “Deus os transmite” são sempre recheadas de revelações ao melhor estilo “Deus está me dizendo algo nesta noite...” quase sempre com a profundidade espiritual de uma poça d’água. Sempre dizendo algo “da parte do Senhor” para alguém. Normalmente com coisas como “Deus está me dizendo que te deu um livramento esta semana”.

Já ouviram algo assim? Magina, isso não acontece nos púlpitos evangélicos brasileiros!
Para esse “ser iluminado” apenas o privilégio de ensinar o que Cristo ensinou, ou até mesmo de “apenas” ser servo de Cristo não é suficiente. Ele tem que estar em destaque, mostrar autoridade, principalmente pela própria ganância e ego
.
Perfis a parte, “por se considerar que fala em nome de Deus legitima-se estabelecer com as pessoas uma relação de dominação psíquica e social, moral e ética, político e partidária exercendo controle religioso”.[2]
Assim, esquece-se a verdadeira característica do evangelho que não é o controle religioso, exercer o poder sobre a massa, mas sim servir a massa e se colocar na posição de servo.

Não tenho a menor pretensão de falar em nome de Deus, tudo que eu digo é em meu nome, são minhas opiniões, meus devaneios, minhas reflexões. Se alguma vez Deus falar através de mim, me sentirei honrado, mas com toda certeza não reivindicarei o título mensageiro de Deus.





[1] Paulo Brabo, Blog A Bacia das Almas. A Carta Roubada, disponível em http://www.baciadasalmas.com/2006/a-carta-roubada/ , acessado em 21/05/2013 as 19h37m
[2] Valmir Paze, Autorizado a falar em nome de Deus, disponível em http://valmirpaze.blogspot.com.br/2011/06/autorizado-falar-em-nome-de-deus.html, acessado em 26/05/2013 as 18h10m

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Pensamentos de um pai de luto

Para quem não me conhece, eu sou o Raphael, sou pai de um bebê que nasceu com uma severa cardiopatia congênita: a Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo. Infelizmente meu bebezinho não resistiu a cirurgia e foi para os braços do Senhor. Isso dói muito, mesmo já tendo passado 7 meses desde o fatídico dia.

na data de hoje (23/05/2013) minha esposa postou um desabafo no facebook, após alguns comentários (in)apropriados, fiz uma pequena reflexão que resultou no post abaixo.


"Olá pessoas... sou o pai do Faelzinho, li o post da minha esposa bem como os comentários de vocês. fico muito grato pelas palavras de carinho, de afeto, pela compreensão da nossa dor. Infelizmente (ou felizmente, quem sabe?) sou entusiasta no que tange ao conhecimento das coisas que são do alto e, de verdade, não consigo crer que há um proposito para tudo ou, em outras palavras, como foi citado acima: "nada foi em vão", pois não posso acreditar que alguém que detêm todo o poder e todo o conhecimento, se auto intitule O Amor, cause dor em mim com a finalidade única de cumprir um proposito de ensinar algo a alguém, a morte é por sí só é um castigo devido ao pecado do mundo, não tem qualquer outro ensinamento ou proposito nisso a não ser de lembrar constantemente de que a humanidade pecou. Quanto a certeza de que "nenhuma outra mãe teria feito um terço do que vocês fizeram" digo, com toda veemência, vocês fizeram apenas o esperado de uma mãe, vocês não são a exceção, vocês são a regra, infelizmente o que acontece nos dias de hoje é que os valores estão invertidos e pessoas que amam intensamente se gabam desse feito, quando na verdade foi para isso que Deus nos criou. Minhas palavras chegarão duras as suas vistas, mas não adianta queremos tampar o Sol com a peneira. Eu não aceito o que aconteceu comigo, se eu falar que não aceito o que Deus fez, estarei dizendo que não concordo com o juízo que Ele fez no livro de Gênesis, mas olha que incrivel, eu ESTOU dizendo exatamente isso. O homem não foi criado para morrer e o pecado do homem fez com que meu filho morresse (um pouco teologia sistemática faz bem) e eu não aceito isso."



Facebook da minha esposa

post na íntegra:

"Quanta saudade , meu Deus, quanta saudade...
Ainda não consigo entender o porque de tudo isso.
O porque de eu não ter meu filho enquanto tantas "mães" por ai abortam, jogam os filhos no lixo, enterram vivos...
Deve ter uma coisa muito errada com a humanidade, não é possível que Deus não veja isso!!
Eu creio em um Deus justo, mas quando vejo tanta injustiça, minha fé vacila.Muitos podem achar que já se passara meses, e que eu deveria superar, mas essas pessoas não sabem como é viver sem sua alma, sem seu coração dentro de você.
E me dizem palavras lindas que são vazias, porque NADA no mundo inteiro pode me consolar.
Descobri recentemente que não perdoei Deus por ter levado meu filho, me senti traída, me sinto preterida....
Muita gente ao ler isso vai pensar que eu enlouqueci... devo ter enlouquecido mesmo. Não sou a mesma pessoa desde que tive que deixar meu filho ali, inerte dentro de um caixão, desde que tive que ver ele sendo vestido com a sua saída de maternidade, que eu demorei meses para escolher, não para que viesse pra casa, mas para que fosse enterrado.
Mas eu afirmo eu PRECISO perdoar Deus, Ele não precisa do meu perdão ao contrario, geralmente somos nós que precisamos de perdão, mas quando digo que tenho que perdoa-lo, é pra mim mesma conseguir acreditar sem sombra de dúvidas...
Não pensem que estou afastada dos seus caminhos, estou andando tão junto com Ele (só quem passa por grandes provas vai entender o que estou dizendo), então estou andando tão junto Com Ele, que me sinto a vontade de conversar com Ele de forma franca e direta. Deus não precisa da minha hipocrisia, o Deus que eu sirvo, preza a verdade e sinceridade, então porque eu devo dizer que está tudo bem , que Deus sabe o que faz, e todas as coisas lindas e maravilhosas que todo mundo fala, muitas vezes com o coração vazio desses sentimentos.
Andar com Deus, conhecer a Deus ao meu ver é isso é ser verdadeiro, é ser irrepreensível, é buscar não errar.
Com certeza não é ficar esquentando banco de igreja, criticando os que são menos capazes de viver como você, de viver de aparecias.
Jesus, nos deu um mandamento de amarmos, uns aos outros, de alimentarmos quem tem fome, de visitarmos os enfermos, e infelizmente a igreja como um todo dificilmente faz isso, é uma meia dúzia que vive assim, então antes de me criticar por tudo o que escrevi , você que é meu irmão em cristo, pare e pense quantas vezes você faz isso, quantos hospitais você visita, quantos projetos sociais você faz parte, ou mais simples, antes de me criticar por tudo que escrevi, pense quantas vezes, você meu amigo, que se diz meu irmão veio me visitar depois que perdi meu filho?
Então sim, mesmo chateada, mesmo com a fé abalada, e mesmo não indo na igreja com a frequência que ia antes, eu ando com Cristo, eu vivo um dia de cada vez, e ainda estou aprendendo a ser cristã. A minha igreja hoje são as pessoas que precisam de mim, afinal a igreja sou eu!!
Desabafo"

domingo, 19 de maio de 2013

Direita, esquerda, oposição, situação ou ser cristão?


Tenho conversado com alguns companheiros de divagações e me deparei diante de algumas questões, traduzidas aqui em forma de afirmativas.
“Um crente que se preze tem que ser de esquerda”, “Um crente fiel é de direita”, “um crente tem que ir contra o capitalismo, pois esse regime é injusto na divisão de riquezas”, “um crente tem que ser capitalista, pois a prosperidade provém de Deus”, “o comunismo é incorreto, pois priva da liberdade e um crente é liberto”.
Escuto essas e outras máximas com demasiada frequência e o assunto, então, virou pauta em minha caixinha de devaneios.
Primeiro, é importante entender o que é esquerda, direita, situação, oposição. Sem a clara definição desses tópicos entendemos apenas que: Esqueda = comunismo, Direita = Capitalismo. Quanto a “situação e oposição” muitos nem fazem ideia do que seja, mas comentamos que politico X é situação, o Y é oposição.
Então pretendo nessas próximas linhas, esclarecer um pouco o que significam essas palavras (obviamente que a adotarei as definições acadêmicas, pois este que vos escreve não é e não pretende ser crivo, norte, senhor-da-razão, ou qualquer alcunha que possa me sobrepujar).
O termo “Esquerda”, na politica, foi usado pela primeira vez na França, pois no parlamento francês, as pessoas que ocupavam os assentos da esquerda eram aquelas que queriam uma sociedade mais igualitária. Isto é o enfoque era social.
O termo “Direita” foi usado também na França” para descrever aqueles que tinham ideais conservadores, isto é, pessoas que se contrapunham a mudanças abruptas, no caso da França, a queda do monarquismo e outros costumes da sociedade.
O termo “situação” refere-se aos partidos políticos favoráveis ao governo e “oposição” os partidos contrários.
Bom quando entendemos o porque dos dois temos e percebemos que ambos tem a ver apenas com suas convicções políticas, posso afirmar categoricamente: Quem é cristão não é de esquerda, tampouco de direita. Quem é cristão é tão somente CRISTÃO.
Obviamente, o SER CRISTÃO é dotado de características e padrões que o norteiam.
Por exemplo o tal do “uns aos outros”:
Amemos uns aos outros; Suportemos uns aos outros; Alegremo-nos uns com os outros e vários outros exemplos bíblicos que ouvimos todos os domingos na Escola Biblica Dominical. Alguns enxergam esses exemplos como utópicos, ideais, inatingíveis. Mas eu prefiro entender que na verdade são síntese do que o Senhor deseja para a nossa caminhada.
Em diversas passagens bíblicas podemos isso, por exemplo, a igreja de Atos tinha “TUDO” em comum e, automaticamente, o termo nos remete a partilha de bens, mas o termo acima denota ser mais do que isso, “Não mais viviam vidas individuais, propósitos individuais, ambições e realizações pessoais. Agora tinham um só caminho, um só coração e uma só alma[1]”.
Thiago diz em sua carta “A religião pura e verdadeira para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” Tiago 1:27. Trocando em miúdos: Olhem os menos favorecidos, ajude-os e seja íntegro.
 Alguns “politizados” de plantão podem dizer: “tá vendo? Isso é puro socialismo”.
Mas a bíblia também diz: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.
João 8:36 e “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Apocalipse 3:20. Trocando em miúdos: Se Jesus libertar vocês, vocês terão liberdade plena e na outra passagem: Nada de coerção, eu estarei com você, apenas se você permitir.
Outros “politizados” podem dizer: “Isso é puro Liberalismo!” (outra palavra para capitalismo).
Mas eu digo: Não. Isso é apenas ser cristão.
Ser cristão é renovar a mente para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12:2). Não tem a ver com posição política, tem a ver com modo de vida, viver para o outro. Onde o cristão está, tem que haver mudança, mudança para melhor.
Se você é de direita ou de esquerda, não importa, o que importa é que você deixe o Espírito Santo tomar conta da sua vida e buscar fazer sempre a vontade de Deus.
A Marina Silva tem tentado colocar em prática a formulação do que a mídia tem intitulado de Partido Político de extrema esquerda, entretanto A Rede, se funcionar, como foi concebida, na verdade é a realização prática (claro que superficial) do que tratamos acima. Espero e oro para que esse projeto não saia do papel se for apenas mais uma legenda de cunho unicamente político. Mas se for um movimento oriundo do coração de Deus para que o evangelho seja propagado, a vida melhorada de maneira integral, então que cresça e ganhe força.
É isso.



[1] Tudo em comum, disponível em http://www.vida.emcristo.nom.br/tudoemcomum.htm, dia 19/05/2013 as 17h46mvvvvv

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Primeira postagem!!


Para começar as postagens, trago aqui um texto da minha esposa. Não se trata de um ensaio teológico, entretanto a profundidade do pensamento e da compreensão bíblica o qualifica para se tornar a postagem inicial deste blog.

Um dos textos mais claros e evidentemente inspirados por Deus que já li sobre o entendimento deste personagem bíblico, sem entrar no mérito da questão do texto de Jó ser literal ou literário, ou se ele é um personagem real ou ilustrativo. A autora nos remete ao pensamento do sofrimento humano diante de uma situação avassaladora de maneira envolvente, cheia de sentimentos, mas também de modo coerente e esclarecedor.



Este é um texto que traz o sentido da criação deste blog, o entendimento das escrituras, não somente pela ótica da teologia acadêmica, mas também pela conhecimento empírico de cada um, pela experiência individual e comunhão com Deus.


Apreciem este texto

 

A vida de Jó e as mães que perderam seus filhos



Muitas vezes a vida de Jó é utilizada como exemplo para nós mães que perdemos nossos filhos.
As pessoas, constantemente , nos dizem :"olha lembra de jó?,então ele perdeu dez filhos e ainda glorificou a Deus"
O que as pessoas não sabem, ou não entendem é que o processo que ele passou até chega a isso , foi árduo e penoso, muitas vezes chegando a pedir a morte para Deus, chegando a amaldiçoar o dia do seu nascimento.
Isso acontece realmente conosco, pelo menos comigo, quantas vezes cheguei a pensar no porque ainda estava viva, afinal uma parte de mim muito grande foi arrancada e enterrada, junto com o meu filho.
E fiquei esses quatro meses meditando na vida de Jó, e recentemente respondi uma linda mensagem que recebi de uma grande amiga com as conclusões que eu tirei dessa história, segue trechos da reposta que enviei pra ela:


Sabe, a dor de perder um filho chega até ser física. Antes fosse só física porque assim tomaria um remédio e logo passaria... Ela chega a ser física mais é na alma. Você já não é a mesma pessoa, entende?
Espero em Deus que com o tempo eu consiga voltar a respirar novamente, talvez isso aconteça quando tiver outros filhos sim... mas um filho NUNCA substitui o outro.
Quando utilizamos a passagem da vida de Jó onde ele fala : "O Senhor me deu, o Senhor me tomou, bendito seja o nome do Senhor", muitas vezes a usamos fora do contexto... não é fácil chegar ao ponto que ele chegou e dizer isso. Posso te garantir que Jó poderia ter perdido TUDO até a própria vida e seria preferível a perder um filho quanto mais dez!!
Quando Jó, falou essa frase, ela já estava chegando ao final da sua prova, Deus já estava mudando o cativeiro dele, e o que sabemos sobre isso? Sabemos que Jó teve TUDO em dobro né?
Ai quando lemos lá o que lhe foi dado em dobro, vemos a descrição, de O dobro de bois, propriedades, e ai chega na parte dos filhos ele tem novamente sete filhos e três filhas, totalizando dez filhos no geral.
Ai você me pergunta, como? não era em dobro? ele já tinha antes dez e perdeu dez, se ele teve TUDO em dobro, porque os filhos são o mesmo número.
Eu meditei sobre isso esse tempo todo, e encontrei a explicação, Deus me fez ver que realmente foi em DOBRO, ele teve novamente o mesmo número de filhos, porque se você contar os dez que ele perdeu e juntar com os outros dez dará o número correto.
Deus nos mostrou o que? que substituição de filhos não existe e Ele jamais faria isso. Ele nunca, substituiria os filhos de Jó, ele teve outros , mas não teve mais vinte (já que seria o dobro), porque filho é algo que não dá para repor.
Creio que ter mais dez filhos deve ter alegrado o coração dele, mas de forma alguma ele esqueceu os filhos que teve, e o coração deixou de doer.
Para Jó ter chegado ao ponto de dizer a famosa frase :"O Senhor me deu, O Senhor tomou.." ele passou por um processo dolorido no qual chegou a amaldiçoar o dia do seu nascimento, pediu a morte para Deus diversas vezes. Questionou Deus inúmeras vezes, do porque tudo aquilo. Veja bem, ele questionou a Deus, não a soberania de Deus, porque também vemos no decorrer do livro quanto Jó adorou a Deus no meio da prova também.
Então é isso meus amigos, essas foram as conclusões que tirei com a passagem da vida de Jó. Mais uma vez com essa história compreendo que mesmo quando perdemos tudo, e para uma mãe TUDO é o seu filho, (porque meus dois anjinhos forma meu mundo); Então, mesmo assim, Deus prova o amor e respeito que tem por nós, Ele sabe que uma hora a dor e a revolta se não passarem irão amenizar, daí ele começa o processo de cura, afinal a própria bíblia diz: 

" Pois ele fere, mas trata do ferido; ele machuca, mas suas mãos também curam." JÓ 5.18

Fernanda da Costa Xavier

Disponível em: http://nandaflorzinhabricio.blogspot.com.br/2013/03/a-vida-de-jo-e-as-maes-que-perderam.html