quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Lições da Vida – Para Pais de anjo

Esse post de hoje é dedicado a todos os papais que como eu são pais de anjinhos, espero que possa auxiliar na vida de vocês.

Dia 28 de outubro de 2014 vai completar dois anos do dia mais feliz que já tive até então, o dia do nascimento do meu filho, infelizmente quis o Senhor leva-lo de mim apenas cinco dias depois de nascido. Meu filho era portador da mais severa síndrome cardíaca, ele tinha SHCE, que explicando de maneira simplificada quer dizer que meu filho nasceu com apenas a metade do coração, no caso dele, nasceu sem a parte esquerda.

Foi a partir do momento que Deus levou meu filho que as lições começaram. Tem sido um processo árduo, exaustivo, doloroso e, sem medo de errar, posso dizer que nunca passei por um vale tão grande.

Do início até agora, aprendi muitas coisas, e garanto, nenhuma delas foi por experiências de terceiros, em todos os momentos eu bati a cabeça, mas como gostaria de alguém que pudesse me guiar, me dizer “olha, vai por aqui.” Daí vem a primeira lição: Eu tinha alguém para me guiar, mas eu simplesmente não dei ouvidos. Esse alguém é Deus. Como é importante que nesse momento, nos apeguemos em Deus. Eu tive muitos momentos de embate com o Senhor, o questionei diversas vezes, fiquei muito bravo com Ele, não conseguia perdoa-lo pelo que tinha feito comigo. Você pode me falar (como muitos falaram) “mas quem é você para perdoar Deus?”, “Quem é você para questionar a vontade de Deus?”, “Você tem que aceitar somente, não tem que ficar bravo com Ele!”, mas sabem, descobri que Deus não liga para esse tipo de coisa, Ele compreende nosso momento de dor, Ele chora conosco. Nosso Deus é completamente relacional, ele quer que estejamos com nosso coração aberto, coração honesto, mesmo que estar com o coração aberto seja estar bravo com Ele, Deus entende seu coração, fique tranquilo! Deus não precisa do meu perdão, obvio que não, mas eu precisava perdoá-lo para que eu tivesse paz comigo mesmo entendem? Eu não entendia porque ele não salvara meu pequeno guerreiro, mas tenho uma noticia ruim para dar, se você tiver na mesma condição que eu estava, vai continuar sem resposta, pois a justificativa, qualquer que seja, NUNCA vai preencher o vazio que ficou. É como tentar preencher uma cratera com uma bolinha de ping-pong, simplesmente não dá. Mas de uma coisa tenham certeza, ele trata as feridas, com todo cuidado e zelo de um pai amoroso e essa graça nos basta.

Mas como falei, eu dei cabeçada, só percebi a tolice que estava fazendo de andar longe de Deus, depois de muito tempo. E com isso vieram as outras lições. A segunda lição é: Não deixe de viver seu Luto, ele é fundamental para sua recuperação como homem, como pai e como ser humano. Chore muito, é importante colocar toda essa tristeza para fora, não aceite como verdade o que as pessoas falam, que você tem que ser forte, que sua esposa não pode te ver chorar, que a dor dela é maior do que a sua, aliás, essa é a maior mentira que podem te falar, a dor de vocês é de igual intensidade, vocês dois perderam um filho, claro, a dor dela se manifesta de maneira diferente por ela ser mulher, ter carregado durante nove meses, ter amamentado, trocado fralda e etc, mas a sua dor também é enorme, é profunda, pois você acompanhou cada parte da gestação e da vida pós parto, você precisa coloca-la pra fora. Chore JUNTO com sua esposa, não queira ser O FORTE para ela, pois você corre o sério risco de enfraquecer.  Um casamento é na ALEGRIA ou na TRISTEZA, o fardo de vocês tem que ser carregado junto, não tente levar o fardo todo sozinho, você não vai aguentar e, além disso, você fará sua esposa ver que você também precisa de ajuda e, ainda, provará que a ama muito.
Mas como falei, eu dei cabeçada, custei a perceber que deveria ter vivido todo meu luto, e devido a este problema, desencadeou outros. 

A Terceira lição provém da minha vã tentativa de ser forte. Eu enfraqueci, não aguentei o batuque, mas mantinha minha pose perante minha esposa, me faltou HONESTIDADE e aí, devido a esse problema podem vir vários outros. O pior deles é deixar de olhar pra sua mulher como mulher, deixar de procura-la, de dizer que ama, deixar seus compromissos conjugais e trata-los apenas como obrigação e o pior de tudo, você corre o sério risco de procurar o apoio que você precisa em outra pessoa, que pode ser mãe, pai (até aí tudo “bem”), amizades ruins (aí fica perigoso) e até mesmo outra mulher (aí o caldo pode entornar de vez). Como falei, dei cabeçada, procurei o apoio que eu precisava em outras pessoas, não fui honesto com minha esposa, não disse a ela o que sentia, o que se passava no meu coração, não dividi com ela meu fardo, não percebi que estava esfriando com nosso casamento até quase perder a mulher da minha vida. O pior de tudo, é que eu me achava o CARA PERFEITO, porque afinal de contas, eu estava “sempre” presente, eu fazia “tudo” o que ela queria, era “forte”, o que mais ela poderia querer? Honestidade, na verdade era tudo o que ela queria! Eu coloquei essas palavras entre aspas, pois elas representavam apenas o que eu pensava, mas não representam a verdade. A grande verdade é que eu estava apenas de CORPO presente, pois meus sentimentos estavam longe, outra verdade é que eu fazia tudo pra ela no que tange a “SERVIÇO BRAÇAL”, mas eu não dava minha vida por ela, como o apostolo Paulo orienta, eu somente aparentava ser forte, mas eu era FRACO e ela percebia.

Essas três foram as principais lições que eu aprendi, todas elas à duras penas. Deixo aqui mais uma lição, que na verdade é um provérbio antigo: o Inteligente aprende com suas próprias experiências, mas o Sábio aprende com as experiências dos outros. Se você se enquadra em algum desses acontecimentos, que o Senhor lhe dê sabedoria para enfrentar tudo isso. E que minha experiência possa te ajudar nessa caminhada.


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